A laserterapia é uma técnica não invasiva e sem efeitos colaterais, que tem sido empregada no tratamento de diferentes condições clínicas, em várias especialidades médicas e demais áreas da saúde. Dependendo da finalidade, pode-se utilizar o laser de baixa ou de alta potência.
A palavra laser é uma sigla para o termo “light amplification by stimulated emission of radiation”, que, traduzido para o português, significa “amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”.
Na década de 1960, foram feitas as primeiras aplicações da laserterapia, dando início a uma sequência de pesquisas que comprovaram os efeitos benéficos do uso de laser para modular respostas biológicas.
A partir dos estudos sobre os mecanismos de ação do laser, os pesquisadores identificaram que os efeitos terapêuticos dependem da dosagem (comprimento da onda) e de como a energia é conduzida aos tecidos humanos.
Este texto aborda a diferença entre laser de baixa e de alta potência, além de mostrar a importância do uso de laser nas terapias fotônicas.
Qual é a diferença entre laser de baixa e de alta potência?
Tratamentos com laser já não pertencem a um cenário futuro. Estudos nessa área são realizados há várias décadas e, hoje, já é ampla a gama de doenças que são efetivamente tratadas com laserterapia.
O laser de baixa e o de alta potência são usados com finalidades distintas, e isso tem relação com o comprimento de onda da luz. Entenda:
Laser de baixa potência
O laser de baixa potência, também conhecido como laser terapêutico e diagnóstico, tem como premissa não causar dano térmico tecidual e agir abaixo de 1 W de potência. Sua ação promove efeitos fotofísico-químicos, que são traduzidos como antiedematosos, anti-inflamatórios, neoangiogênicos, cicatrizantes e analgésicos.
O laser de baixa potência envolve comprimentos de onda que incluem UVB, UVA, luz azul, luz verde, luz amarela, luz vermelha e até a luz infravermelha, as quais permitem uma penetração menor ou maior na pele, resultando em respostas biológicas distintas.
Na fotobiomodulação, a ação ocorre em nível celular, estimulando os fotorreceptores das organelas das células, principalmente a mitocôndria, que produz energia.
O laser de baixa potência atua como regulador da resposta inflamatória e imunológica, por aumentar, no sítio de aplicação, potentes mediadores da inflamação. Outro importante efeito é o rápido aumento dos fibroblastos (células jovens em plena atividade funcional) e, consequentemente, da síntese de colágeno, o que acelera o reparo dos tecidos lesionados.
Laser de alta potência
O laser de alta potência — ao contrário do de baixa potência, que tem ação curativa sobre os tecidos biológicos — tem potencial destrutivo, com efeitos fototérmico, fotoablativo, fotomecanicoacústico e fotoionizante.
O laser de alta potência pode ser usado tanto em tecidos duros quanto moles. Suas aplicações são importantes em procedimentos cirúrgicos ou de remoção, podendo, inclusive, substituir a função do bisturi em cirurgias diversas.
A partir da geração do feixe de luz concentrado, o cirurgião pode efetuar procedimentos de corte, ablação, vaporização e coagulação, minimizando os danos colaterais. Portanto, é uma abordagem com utilidade clínica em várias áreas, como odontologia, ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologia, cirurgia plástica, cirurgia de cabeça, pescoço e bucomaxilofacial, entre outras.
Qual é o papel do laser de baixa potência nas terapias fotônicas?
O laser de baixa intensidade tem papel imprescindível nas terapias fotônicas, as quais têm como característica central a aplicação de luz com finalidades curativas.
A energia da luz é recebida pelas células, desencadeando vários eventos químicos, físicos e biológicos, que levam à modulação da inflamação, ao aumento da circulação sanguínea, à redução da dor e aceleram a cicatrização.
São duas técnicas que integram as fotônicas:
- terapia fotodinâmica — photodynamic therapy (PDT);
- terapia fotobiomoduladora — photobiomodulation therapy (PBM).
A terapia fotodinâmica requer o uso de um fármaco com potencial fotossensibilizante, que, na presença de oxigênio, é ativado pela irradiação de laser de baixa potência, diodos emissores de luz (LED), entre outros “devices”, ocasionando respostas curativas — analgésicas, anti-inflamatórias, cicatrizantes, antibacterianas, antifúngicas, antitumorais, entre outras.
A terapia fotobiomoduladora não utiliza agente químico fotossensibilizante, somente a emissão de luz com o comprimento de onda adequado para promover os efeitos terapêuticos, que incluem: modulação da inflamação, redução da dor, diminuição do inchaço, formação de novos vasos sanguíneos, modificação na resposta imunológica e regeneração tecidual.
O uso de terapias com laser de baixa potência é relevante em várias áreas da saúde. Em ginecologia, especificamente, a laserterapia pode tratar inúmeras condições que impactam a qualidade de vida da mulher — desde um prurido vulvar (coceira) até doenças mais sérias, como líquen escleroso ou HPV.