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Atrofia genital

Por: Dra. Renata Belotto

A atrofia genital ou atrofia vulvovaginal (AVV) é uma condição que cursa de forma crônica e progressiva a partir da perimenopausa, embora também possa ocorrer em outras fases da vida da mulher.

A palavra “atrofia” está relacionada à diminuição de volume ou falta de desenvolvimento tecidual devido à nutrição insuficiente das células. Por sua vez, o termo trofismo reflete os aspectos de nutrição, espessura e desenvolvimento saudável dos tecidos.

A atrofia genital é caracterizada por alterações nas paredes vaginais e nos lábios vulvares, decorrentes do estado de hipoestrogenismo — redução dos níveis de estrogênio, um dos hormônios com mais funções no corpo da mulher.

Nessa condição, ocorre a diminuição das fibras de colágeno e a redução do fluxo sanguíneo local, com prejuízo na elasticidade e na lubrificação, o que resulta em ressecamento ou secura vaginal, aumentando também o risco de problemas como infecções, incontinência urinária e disfunções sexuais. Dependendo da fase de vida da mulher, esse conjunto de alterações é chamado de síndrome geniturinária da menopausa (SGM).

A falta de lubrificação, a vascularização inadequada e a redução tecidual facilitam a apresentação de outros sintomas que afetam o bem-estar da mulher, como prurido (coceira), queimação e dispareunia (dor na relação sexual).

Quais são as causas de atrofia genital?

A principal causa de atrofia genital é o hipoestrogenismo associado à menopausa. O estrogênio é produzido nos ovários de forma cíclica, ao longo da vida reprodutiva da mulher, com importante papel na regulação dos ciclos menstruais. O hormônio é responsável pela proliferação das células do endométrio (tecido que reveste o útero por dentro), deixando essa camada uterina mais espessa e apropriada para a implantação de um embrião.

Na menopausa, os ovários entram em falência, em razão do esgotamento dos óvulos armazenados. Com isso, é interrompida a produção ovariana de estrogênio e progesterona (outro importante hormônio feminino). Esses hormônios também são produzidos pelas glândulas adrenais, mas em baixa quantidade.

Além de ser fundamental para a preparação do útero, o estrogênio tem participação em vários processos do corpo feminino, como o desenvolvimento das características sexuais, a manutenção da massa óssea, a lubrificação vaginal, entre outros.

A redução do estrogênio leva a alterações estruturais nas paredes vaginais, diminuindo o número de camadas do epitélio vaginal. Isso também favorece a exposição de terminações nervosas nociceptoras, o que aumenta a predisposição à dor e sensação de queimação.

Outras causas de hipoestrogenismo e atrofia genital, além da menopausa, incluem:

  • falência ovariana prematura, resultante de alterações genéticas;
  • tratamentos oncológicos (quimioterapia e radioterapia);
  • cirurgia ovariana;
  • uso de medicamentos antiestrogênicos, como clomifeno e tamoxifeno;
  • tabagismo;
  • disfunções hormonais e imunológicas;
  • amamentação.

Quais são os sintomas e complicações da atrofia genital?

Mulheres com atrofia vaginal podem apresentar:

  • ressecamento;
  • coceira;
  • dor;
  • queimação;
  • irritação;
  • dor na relação sexual;
  • redução da sensibilidade prazerosa, devido à diminuição das terminações nervosas sensitivas;
  • dor e ardência ao urinar;
  • urgência para urinar;
  • sangramento, em alguns casos.

Quanto às complicações associadas à atrofia genital, há maior predisposição para inflamação vulvovaginal, infecção urinária de repetição e incontinência urinária.

Como diagnosticar a atrofia genital?

O diagnóstico de atrofia genital é clínico, baseado nas queixas apresentadas pela mulher, como dor e queimação, falta de lubrificação vaginal, dor na relação sexual e redução da sensibilidade prazerosa.

No exame ginecológico, pode-se observar uma vulva pálida e apagamento ou redução de volume dos grandes e pequenos lábios. Também há tendência para o encurtamento e estreitamento da vagina e redução do introito vaginal.

O exame especular revela uma mucosa vaginal seca, frágil e fina, com maior desconforto da paciente durante a inspeção. Ocasionalmente, há pequenas áreas de sangramento. Já a presença de secreção sugere alterações na microbiota vaginal com maior suscetibilidade para processos infecciosos.

Como tratar a atrofia genital?

A melhora dos sintomas da atrofia genital é obtida com terapia de reposição hormonal, feita, principalmente, com medicações à base de estrógenos. No entanto, o uso sistêmico de hormônios pode causar efeitos adversos. Além disso, algumas pacientes são contraindicadas a esse tipo de terapia.

Mulheres com sintomas leves também podem receber prescrição para o uso de lubrificantes e cremes vaginais, preferencialmente, produtos menos alergênicos para evitar a piora de manifestações como prurido e irritação.

Atualmente, é possível tratar a atrofia genital com algumas energias, entre elas: laser, radiofrequência e ultrassom microfocado. Entre as terapias fotônicas, incluímos a fotobiomodulação.

A terapia fotobiomoduladora (PBM) consiste na aplicação de laser de baixa potência ou LED para ativar respostas nos tecidos biológicos. As alterações a nível celular e molecular promovem:

  • proliferação dos fibroblastos;
  • aumento do colágeno tecidual;
  • neoangiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos) e vascularização adequada;
  • recuperação do trofismo;
  • redução de sintomas, como dor e prurido;
  • aumento da lubrificação natural.

Com esses e outros efeitos, as terapias fotônicas têm se mostrado efetivas para melhorar a atrofia genital e várias outras disfunções ginecológicas. Assim, a partir de um tratamento não invasivo e com rápidos resultados, a mulher pode ter uma série de benefícios, como redução de dor e desconforto, prevenção de doenças urogenitais e vivência mais satisfatória na função sexual.

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