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Edema vulvar

Por: Dra. Renata Belotto

O edema vulvar é uma condição pouco relatada, mas que pode ter incidência maior do que se imagina, considerando que muitas mulheres não chegam a buscar avaliação médica, sobretudo quando se trata de um sintoma isolado ou sem impactos severos.

Edema é o termo clínico para inchaço ou retenção de líquidos. Pode ser generalizado ou ocorrer de forma restrita a algumas regiões do corpo, incluindo a vulva. As causas para isso são variadas, como reações alérgicas, doenças inflamatórias, trauma local, presença de tumores, após tratamento radioterápico e cirurgias, entre outras.

O inchaço na região da vulva pode se apresentar de forma isolada ou estar associado a outros sintomas de doenças vulvares, como prurido (coceira) e dor. Em alguns casos, o edema se torna tão desconfortável que pode afetar as relações sexuais, a micção, a realização de exames ginecológicos e até movimentos básicos, como andar e se sentar.

Ao perceber esse sintoma, é importante realizar uma consulta ginecológica para investigar a origem do problema e encontrar soluções terapêuticas para reduzir o desconforto, além de prevenir limitações funcionais e o agravamento de doenças subjacentes ao edema vulvar.

Quais doenças podem causar o edema vulvar?

O inchaço é resultante de um acúmulo anormal de líquido ou material linfático nos espaços intersticiais (entre as células e tecidos). Há uma variedade de condições, patológicas ou fisiológicas, que podem causar o aumento da secreção ou a remoção deficiente dos fluídos.

Processos inflamatórios, condições obstrutivas e fatores iatrogênicos (decorrentes de procedimentos médicos, como cirurgias) são possíveis causas do inchaço. Em algumas mulheres, o edema vulvar também pode ocorrer sem inflamação, reação alérgica ou trauma óbvio. Portanto, determinar a causa desse sintoma pode ser um desafio.

Em geral, as possíveis causas de edema vulvar incluem:

  • dermatite de contato;
  • vulvites e vaginites, como a candidíase vulvovaginal recorrente;
  • hidradenite supurativa;
  • doença de Crohn;
  • infecção primária pelo vírus herpes simples (HSV);
  • obstrução pélvica devido a tumor, radiação ou cirurgia;
  • edema associado à gravidez, em casos de pré-eclâmpsia e diabetes, ou ao trabalho de parto prolongado ou instrumental;
  • linfangioma cutâneo de vulva;
  • patologia sistêmica subjacente, como síndrome nefrótica ou doença hepática avançada;
  • alguns tipos de medicamentos.

Quando se trata do acúmulo de linfa nos tecidos, o inchaço também é chamado de linfedema. Nessa situação, os vasos linfáticos são lesionados ou obstruídos. Pode ser uma alteração congênita ou iatrogênica.

A mulher que passa por cirurgia de câncer vulvar, por exemplo, pode desenvolver um linfedema. Ao perder parte da vulva, a paciente também perde parte dos gânglios linfáticos, de modo que a linfa não é corretamente drenada, acumulando-se no tecido e causando o inchaço.

Quais outros sintomas podem acompanhar o edema vulvar?

Em algumas condições, o edema vulvar pode se apresentar como único sintoma, mas, se houver uma doença ginecológica em curso, outras manifestações também são comuns, como:

  • dor e sensibilidade na vulva;
  • sensação de calor ou queimação;
  • prurido;
  • vermelhidão;
  • secreção;
  • formação de bolhas;
  • tumoração;
  • ulceração;
  • dificuldade para urinar;
  • disfunção sexual;
  • desconforto persistente, que pode até afetar a movimentação.

Como diagnosticar e tratar o edema vulvar?

O edema vulvar representa um desafio diagnóstico, visto que é preciso identificar as condições médicas subjacentes, mas nem sempre essas causas são corretamente detectadas. O relato dos sintomas associados e o exame físico fornecem algumas pistas diagnósticas. Conforme a suspeita, outras técnicas de avaliação podem ser solicitadas.

Quando determinada a origem do edema vulvar, é possível administrar o tratamento pontual, voltado para as doenças de base, o que pode incluir terapias tópicas ou sistêmicas, por exemplo, o uso de medicação para tratar os casos de vulvovaginite.

Também é possível tratar tanto o sintoma de edema quanto as doenças vulvares associadas utilizando as terapias fotônicas, que consistem na irradiação de luz com a finalidade de promover respostas biológicas curativas.

A terapia fotobiomoduladoraphotobiomodulation therapy (PBM) — é realizada com diodos emissores de luz (LEDs) ou laser de baixa potência. A exposição dos tecidos doentes à luz, por tempo e comprimento de onda específicos, produz reações celulares e moleculares que resultam no efeito antiedematoso, além de reduzir dores e inflamações e acelerar processos de regeneração tecidual.

A PBM é efetiva para reduzir o edema vulvar. No entanto, dependendo da doença associada, outra terapia fotônica também pode ser aplicada: a terapia fotodinâmicaphotodynamic therapy (PDT).

Além de uma fonte de luz, a PDT requer o uso de um agente fotossensibilizante. O fármaco é aplicado e, na presença de oxigênio molecular, é ativado pela energia luminosa, gerando diversas espécies de radicais que provocam morte celular fotoinduzida.

A terapia fotodinâmica, além de diminuir o edema e outros sintomas, tem ação antimicrobiana, antifúngica, antiviral e antitumoral, sendo eficaz para tratar infecções, como HPV e candidíase vulvovaginal, e doenças ginecológicas crônicas, como o líquen escleroso.

Diante da variedade das possíveis causas patológicas do edema vulvar, é importante que as mulheres não ignorem esse sintoma. Procurar avaliação médica especializada é a única maneira de conhecer as formas de tratamento seguro e efetivo, a fim de prevenir danos mais graves e recuperar o bem-estar.

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