O edema vulvar é uma condição pouco relatada, mas que pode ter incidência maior do que se imagina, considerando que muitas mulheres não chegam a buscar avaliação médica, sobretudo quando se trata de um sintoma isolado ou sem impactos severos.
Edema é o termo clínico para inchaço ou retenção de líquidos. Pode ser generalizado ou ocorrer de forma restrita a algumas regiões do corpo, incluindo a vulva. As causas para isso são variadas, como reações alérgicas, doenças inflamatórias, trauma local, presença de tumores, após tratamento radioterápico e cirurgias, entre outras.
O inchaço na região da vulva pode se apresentar de forma isolada ou estar associado a outros sintomas de doenças vulvares, como prurido (coceira) e dor. Em alguns casos, o edema se torna tão desconfortável que pode afetar as relações sexuais, a micção, a realização de exames ginecológicos e até movimentos básicos, como andar e se sentar.
Ao perceber esse sintoma, é importante realizar uma consulta ginecológica para investigar a origem do problema e encontrar soluções terapêuticas para reduzir o desconforto, além de prevenir limitações funcionais e o agravamento de doenças subjacentes ao edema vulvar.
Quais doenças podem causar o edema vulvar?
O inchaço é resultante de um acúmulo anormal de líquido ou material linfático nos espaços intersticiais (entre as células e tecidos). Há uma variedade de condições, patológicas ou fisiológicas, que podem causar o aumento da secreção ou a remoção deficiente dos fluídos.
Processos inflamatórios, condições obstrutivas e fatores iatrogênicos (decorrentes de procedimentos médicos, como cirurgias) são possíveis causas do inchaço. Em algumas mulheres, o edema vulvar também pode ocorrer sem inflamação, reação alérgica ou trauma óbvio. Portanto, determinar a causa desse sintoma pode ser um desafio.
Em geral, as possíveis causas de edema vulvar incluem:
- dermatite de contato;
- vulvites e vaginites, como a candidíase vulvovaginal recorrente;
- hidradenite supurativa;
- doença de Crohn;
- infecção primária pelo vírus herpes simples (HSV);
- obstrução pélvica devido a tumor, radiação ou cirurgia;
- edema associado à gravidez, em casos de pré-eclâmpsia e diabetes, ou ao trabalho de parto prolongado ou instrumental;
- linfangioma cutâneo de vulva;
- patologia sistêmica subjacente, como síndrome nefrótica ou doença hepática avançada;
- alguns tipos de medicamentos.
Quando se trata do acúmulo de linfa nos tecidos, o inchaço também é chamado de linfedema. Nessa situação, os vasos linfáticos são lesionados ou obstruídos. Pode ser uma alteração congênita ou iatrogênica.
A mulher que passa por cirurgia de câncer vulvar, por exemplo, pode desenvolver um linfedema. Ao perder parte da vulva, a paciente também perde parte dos gânglios linfáticos, de modo que a linfa não é corretamente drenada, acumulando-se no tecido e causando o inchaço.
Quais outros sintomas podem acompanhar o edema vulvar?
Em algumas condições, o edema vulvar pode se apresentar como único sintoma, mas, se houver uma doença ginecológica em curso, outras manifestações também são comuns, como:
- dor e sensibilidade na vulva;
- sensação de calor ou queimação;
- prurido;
- vermelhidão;
- secreção;
- formação de bolhas;
- tumoração;
- ulceração;
- dificuldade para urinar;
- disfunção sexual;
- desconforto persistente, que pode até afetar a movimentação.
Como diagnosticar e tratar o edema vulvar?
O edema vulvar representa um desafio diagnóstico, visto que é preciso identificar as condições médicas subjacentes, mas nem sempre essas causas são corretamente detectadas. O relato dos sintomas associados e o exame físico fornecem algumas pistas diagnósticas. Conforme a suspeita, outras técnicas de avaliação podem ser solicitadas.
Quando determinada a origem do edema vulvar, é possível administrar o tratamento pontual, voltado para as doenças de base, o que pode incluir terapias tópicas ou sistêmicas, por exemplo, o uso de medicação para tratar os casos de vulvovaginite.
Também é possível tratar tanto o sintoma de edema quanto as doenças vulvares associadas utilizando as terapias fotônicas, que consistem na irradiação de luz com a finalidade de promover respostas biológicas curativas.
A terapia fotobiomoduladora — photobiomodulation therapy (PBM) — é realizada com diodos emissores de luz (LEDs) ou laser de baixa potência. A exposição dos tecidos doentes à luz, por tempo e comprimento de onda específicos, produz reações celulares e moleculares que resultam no efeito antiedematoso, além de reduzir dores e inflamações e acelerar processos de regeneração tecidual.
A PBM é efetiva para reduzir o edema vulvar. No entanto, dependendo da doença associada, outra terapia fotônica também pode ser aplicada: a terapia fotodinâmica — photodynamic therapy (PDT).
Além de uma fonte de luz, a PDT requer o uso de um agente fotossensibilizante. O fármaco é aplicado e, na presença de oxigênio molecular, é ativado pela energia luminosa, gerando diversas espécies de radicais que provocam morte celular fotoinduzida.
A terapia fotodinâmica, além de diminuir o edema e outros sintomas, tem ação antimicrobiana, antifúngica, antiviral e antitumoral, sendo eficaz para tratar infecções, como HPV e candidíase vulvovaginal, e doenças ginecológicas crônicas, como o líquen escleroso.
Diante da variedade das possíveis causas patológicas do edema vulvar, é importante que as mulheres não ignorem esse sintoma. Procurar avaliação médica especializada é a única maneira de conhecer as formas de tratamento seguro e efetivo, a fim de prevenir danos mais graves e recuperar o bem-estar.