Dra Renata Belotto | WhatsApp

Estenose vaginal

Por: Dra. Renata Belotto

A estenose vaginal é uma condição crítica, que pode levar a estresse emocional e prejuízo funcional. É uma alteração caracterizada pelo encurtamento e/ou estreitamento anormal do canal vaginal.

Esse problema pode ter impactos físicos e psicológicos importantes, repercutindo até no relacionamento das mulheres com seus parceiros. Sendo assim, é fundamental procurar avaliação médica e tratamento específico diante das possíveis disfunções sexuais relacionadas.

A estenose vaginal leva a disfunção sexual significativa. Em condições agravadas, pode dificultar a realização de exames ginecológicos e até a inserção de absorventes internos. Já nas situações mais dramáticas, pode ocorrer o fechamento do canal da vagina.

Este texto aborda informações importantes sobre estenose vaginal, como causas, sintomas, avaliação diagnóstica e formas de tratamento.

Quais são as causas de estenose vaginal?

A principal causa de estenose vaginal é o tratamento com radioterapia. Milhares de mulheres são diagnosticadas todos os anos com algum tipo de câncer ginecológico, como os de colo do útero, endométrio (camada interna do útero) e ovário.

A radioterapia é uma terapia oncológica de alta efetividade no combate às células cancerosas, no entanto, também pode ter efeitos destrutivos sobre os tecidos saudáveis das áreas adjacentes ao tumor, deixando sequelas físicas importantes.

Além da radioterapia externa, nos casos de cânceres ginecológicos, existe a possibilidade da braquiterapia, que consiste na terapia de radiação interna, realizada por via vaginal. A estenose vaginal é observada em quase metade das mulheres que passam por esse tipo de tratamento.

A estenose aparece, em média, 3 meses após o término da radioterapia pélvica. Fatores que influenciam o surgimento dessa alteração incluem o local e o estadiamento do câncer, a dose de radiação recebida, fatores genéticos e imunológicos e a idade da paciente.

Além disso, é possível se observar estenose vaginal como sequela de tratamentos ablativos e destrutivos extensos em vagina, tais como o laser de alta potência, radiofrequência, tratamento químicos locais. Somados a esse contexto, casos de atrofia pioram ainda mais o quadro clínico.

Quais são os sinais e sintomas de estenose vaginal?

A estenose vaginal pode levar a disfunção sexual, ocasionando os seguintes sintomas:

  • dificuldade de penetração sexual ou inserção de objetos, incluindo absorvente interno e aplicadores de cremes vaginais;
  • dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • ressecamento vaginal;
  • sangramento após a relação sexual;
  • dificuldades urinárias;
  • encurtamento do canal vaginal.

Na estenose vaginal, há o acometimento da mucosa e dos tecidos conectivos e o comprometimento da vascularização, resultando em redução do aporte sanguíneo, desnudamento epitelial e outras alterações que levam à atrofia tecidual (diminuição da espessura) e à ausência de lubrificação. Além disso, pode ocorrer a formação de aderências e fibroses e a perda da elasticidade das paredes vaginais.

As alterações associadas à estenose vaginal são intensificadas pela redução da atividade dos ovários, que também podem ser afetados pela radioterapia pélvica, ocasionando queda na produção de estrogênio — hormônio fundamental para as funções do aparelho genital feminino.

Como diagnosticar a estenose vaginal?

Não há um padrão para a avaliação da estenose vaginal. Vários métodos são descritos, mas a variabilidade de classificações e rigores metodológicos dificultam a precisão diagnóstica.

A palpação no exame ginecológico é a primeira forma de avaliar o estreitamento e o encurtamento do canal vaginal. A inabilidade em introduzir dois dedos é um dos critérios clínicos que pode ajudar a validar o diagnóstico.

A abordagem de imagem radiológica também é uma forma de detectar alterações no canal vaginal. Além disso, há diferentes formas de graduação para avaliar o comprometimento do órgão, que podem ir desde uma estenose parcial até a obliteração total do canal.

Como tratar a estenose vaginal?

O tratamento mais indicado na prevenção e no tratamento dessa condição é a dilatação do canal vaginal, que pode ser feita com objetos cilíndricos, como dilatadores de uso específico.

A fisioterapia pélvica também é recomendada como forma de terapia complementar. Com as técnicas e exercícios apropriados, é possível restaurar o trofismo das paredes vaginais, reduzir a dor na relação sexual e aumentar a força e a coordenação dos músculos do assoalho pélvico.

Outros tratamentos com diferentes energias podem ser satisfatórios, entre eles laser, radiofrequência, ultrassom microfocado etc.

Outra forma de tratar a estenose vaginal é com a terapia fotobiomoduladoraphotobiomodulation therapy (PBM) — que faz parte das terapias fotônicas, as quais utilizam as propriedades curativas da irradiação de luz.

Na estenose vaginal, a ledterapia (terapia que utiliza irradiação de luz por LED, sigla para diodos emissores de luz) é uma alternativa não invasiva e que produz resultados clínicos significativos, como a renovação tecidual e o aumento do trofismo das paredes vaginais.

As terapias fotônicas incluem também a terapia fotodinâmica, que envolve a aplicação de agentes químicos fotossensibilizantes, os quais são ativados pela luz de LED ou laser de baixa potência e desencadeiam respostas biológicas importantes, como redução de dores e processos inflamatórios, combate à ação microbiana, entre outros.

Ainda há dúvidas quanto à padronização dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos na estenose vaginal. A terapia fotobiomoduladora revelou resultados clínicos favoráveis, até o momento. Entretanto, cada caso precisa ser avaliado em sua especificidade para que o tratamento mais adequado seja proposto.

Leia também: