Dra Renata Belotto | WhatsApp

HPV

Por: Dra. Renata Belotto

O HPV, sigla para papilomavírus humano, é uma infecção comum durante a idade sexualmente ativa e pode afetar mulheres e homens. Há mais de 200 cepas, classificadas como de baixo ou alto risco, de acordo com seu potencial de malignização.

É importante deixar claro que HPV não é câncer. A maior parte das cepas tem baixo risco de evoluir para lesões precursoras de câncer. No entanto, alguns tipos do vírus têm potencial oncogênico, sobretudo o 16, seguido pelos tipos 18, 31, 33 e 45.

A infecção por essas cepas de HPV de alto risco está associada a diversos tipos de câncer, incluindo os de: colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis, boca, orofaringe, cabeça e pescoço. Dentre estes, o câncer de colo do útero é um dos mais preocupantes, em razão de sua alta incidência, sendo o terceiro tipo que mais afeta as mulheres, atrás somente dos cânceres de mama e colorretal.

Embora seja uma infecção de alta prevalência, nem sempre o HPV é detectado precocemente, devido ao caráter, muitas vezes, assintomático da doença. A falta de diagnóstico e tratamento aumenta o risco, tanto de transmissão do vírus quanto de agravamento do quadro na pessoa infectada.

Quais são as causas e fatores de risco da infecção por HPV?

A infecção por HPV é causada pela ação de vírus. O contágio ocorre, principalmente, pela prática de relações sexuais com uma pessoa infectada — genital, oral, anal ou manual — sem preservativos.

Os vírus também podem ser transmitidos de outras formas, como por partículas de saliva ou ao compartilhar objetos contaminados. Outra forma de contaminação é por transmissão vertical (da gestante para o feto, durante o parto).

Também existem alguns fatores que aumentam o risco para desenvolver uma infecção por HPV, por exemplo:

  • ter múltiplos parceiros sexuais;
  • iniciar a vida sexual precocemente;
  • apresentar baixa resistência imunológica;
  • ter histórico de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Quais são os sinais e sintomas de infecção por HPV?

O HPV pode infectar a pele e as mucosas (oral, genital e anal). Nos estágios iniciais, é comum a infecção cursar de forma assintomática. Quando surgem os sintomas, estes podem incluir verrugas acompanhadas de coceira e irritação.

Também nomeadas como condiloma acuminado e popularmente chamadas de “crista de galo”, as verrugas na área genital podem aparecer de forma discreta ou em grande quantidade, quando as lesões se agravam.

Na região genital das mulheres, as verrugas surgem na vulva, na vagina, no ânus e no colo do útero. Além disso, podem surgir lesões em outras partes do corpo, como boca e garganta.

Mesmo sem sinais evidentes de HPV, podem existir lesões subclínicas, identificadas somente com avaliação microscópica ou fotodetecção.

Como é feito o diagnóstico de HPV?

A forma mais importante de identificar a infecção por HPV nos estágios iniciais é a realização do exame preventivo, conhecido como Papanicolaou. Esse exame deve ser feito periodicamente pelas mulheres.

A anamnese (entrevista clínica) também é necessária para a coleta de informações sobre sintomas, vida sexual, histórico de ISTs, dentre outras questões relacionadas aos fatores de risco.

O exame físico é outra parte fundamental da avaliação ginecológica. Nesse momento, pode-se verificar a presença de verrugas e outras alterações sugestivas de infecção.

O Papanicolaou é feito com a coleta de uma amostra de células do colo uterino, durante o exame ginecológico, que é enviada para análise citopatológica. Outros exames podem ser solicitados para o rastreio de alterações celulares, tais como:

  • Colposcopia;
  • Vulvoscopia;
  • Anuscopia.

Para identificar o tipo de vírus e confirmar seu potencial oncogênico, são feitos a captura híbrida e o teste genético de reação em cadeia da polimerase (PCR).

Quais são as formas de tratamento do HPV?

O tratamento do HPV depende de alguns critérios, tais como: manifestação clínica, tipo de vírus detectado, alterações celulares e potencial de malignização da cepa.

A infecção por HPV de baixo risco, muitas vezes, não necessita de tratamento, apenas seguimento. Quando há condiloma acuminado, o tratamento consiste na destruição das verrugas, o que pode ser feito com terapias farmacológicas, cirúrgicas e outras.

Nos casos de neoplasia intraepitelial de alto grau, a abordagem de tratamento é definida de acordo com a faixa etária da mulher, podendo incluir excisões para remoção parcial do colo uterino ou tratamento ablativo em pacientes jovens.

Nessa condição clínica, a abordagem envolvendo a terapia fotônica corresponde à terapia fotodinâmica (PDT).

A PDT é eficaz para tratar o HPV e as lesões intraepiteliais cervicais porque pode inativar o vírus por promover a morte da célula contaminada e reduzir a carga viral.

Com essas ações, é possível tratar condiloma acuminado e neoplasia intraepitelial cervical e vulvar sem excisões, sem destruição de tecidos, sem ferida cirúrgica. Isso porque o tratamento acontece em nível celular.

A PDT é uma abordagem de alto valor como terapia alternativa nos casos de HPV e NIC, visto que não deixa sequelas na mulher. No tratamento convencional (com excisão), a paciente perde uma parte do colo uterino para remover as lesões.

A perda de parte significativa ou repetitiva da cérvix uterina pelo tratamento convencional pode ocasionar riscos de trabalho de parto prematuro numa futura gestação. Com a terapia fotodinâmica, o tecido doente é tratado, sem excisões e sem prejuízos anatômicos e funcionais ao colo do útero.

É oportuno reforçar que, ainda que possamos contar com terapias avançadas para o tratamento, a infecção por HPV pode ser evitada com a vacina e com o uso de preservativos — ou identificada no início, com o acompanhamento ginecológico de rotina e o exame de Papanicolaou, além dos testes de biologia molecular para identificação do tipo viral.

Leia também: