O acompanhamento ginecológico é importante para a prevenção e a detecção precoce de diversas doenças — desde as mais comuns, como a candidíase vulvovaginal, até as mais complexas, como o câncer de colo do útero.
Com as consultas de rotina e a realização de exames periódicos, sobretudo o Papanicolaou, é possível identificar lesões precursoras do câncer no trato genital inferior ainda nos estágios iniciais. Quando diagnosticados precocemente e tratados corretamente, a probabilidade de cura é alta.
O trato genital inferior feminino é formado por colo do útero, vagina e vulva, enquanto o superior é constituído pelo útero, tubas uterinas e ovários. Todos esses órgãos podem ser acometidos por algum tipo de câncer. Contudo, no trato genital inferior, a ação do vírus HPV (papilomavírus humano) tem destaque relevante como agente etiológico do câncer cervical.
Cerca de 99% dos cânceres de colo do útero contêm genoma do HPV. Esse é o tipo mais comum de câncer no trato genital inferior feminino. No Brasil, é o terceiro tumor mais frequente em mulheres, atrás somente do câncer de mama e do colorretal.
O câncer de vagina é raro, apenas 1% dos cânceres ginecológicos, tendo como fatores de risco as lesões precursoras provenientes do colo uterino, vagina, vulva e ânus. Assim, é mais provável que esse câncer ocorra por disseminação, a partir de regiões adjacentes.
O câncer vulvar corresponde a aproximadamente 4% dos tumores ginecológicos e pode surgir a partir da infecção pelo HPV e também de dermatose crônica. Apresenta como lesão precursora a neoplasia intraepitelial de alto grau vulvar.
Quais são as causas e os fatores de risco para as lesões precursoras do câncer no trato genital inferior?
O HPV é a principal causa de lesões precursores do câncer no trato genital inferior.
As lesões precursoras de câncer de colo do útero também são chamadas de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e são classificadas de acordo com seu potencial oncogênico em: lesões de baixo e alto graus.
Não há dúvidas de que o HPV tem papel central na etiologia das lesões precursoras de câncer no trato genital inferior, porém há vários fatores que interferem no desenvolvimento e na progressão das lesões, como: o tipo de vírus, a persistência da infecção e a associação com cofatores ambientais, virais e do hospedeiro.
Em resumo, os fatores de risco para a infecção por HPV e para as lesões precursoras de câncer incluem:
- tabagismo;
- uso de anticoncepcionais orais;
- infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV);
- multiparidade;
- imunossupressão;
- predisposição genética.
É oportuno esclarecer que a infecção por HPV não é garantia de evolução para um câncer. Existem mais de 200 tipos de vírus, classificados como de baixo ou alto risco. São poucas cepas que apresentam alto potencial oncogênico, principalmente a 16, seguida pelos tipos 18, 31, 33 e 45.
Quais são os sinais e sintomas de lesões precursoras de câncer no trato genital inferior?
As lesões precursoras de câncer no trato genital inferior progridem lentamente e, quando invadem o tecido conjuntivo, continuam com proliferação celular desordenada.
Os sintomas em lesões precursoras nem sempre são evidentes. Muitas vezes as lesões, por serem subclínicas, são identificadas em exames de papanicolau e colposcopia. Quando há apresentações clínicas, podem incluir:
- sangramento vaginal anormal;
- sangramento após a relação sexual;
- secreção vaginal com mau odor, mucosa ou purulenta;
- sinais de infecção por HPV, como o condiloma acuminado ou verrugas acompanhadas de coceira e irritação, que podem surgir na vulva, na vagina, no ânus e no colo do útero.
Como diagnosticar as lesões precursoras de câncer no trato genital inferior?
Além da avaliação clínica e do exame físico, outros procedimentos diagnósticos permitem a detecção das lesões precursoras de câncer no trato genital inferior.
O método mais difundido para o rastreamento do câncer de colo de útero é o exame de colpocitologia oncológica, mais conhecido como Papanicolaou, que deve ser realizado regularmente, como forma de prevenção do câncer de colo do útero. Consiste na análise de células cervicais, que são extraídas por raspado cervical durante o exame ginecológico.
A genitoscopia é de grande importância para avaliar o trato genital inferior, indicar locais prováveis para biópsia e elucidar diagnóstico.
Como tratar as lesões precursoras de câncer no trato genital inferior?
As abordagens terapêuticas incluem laser, cirurgia de alta frequência, crioterapia, cauterização química, cirurgias (vulvectomia, amputação do colo uterino, histerectomia etc.), entre outras.
Podemos dar destaque às terapias fotônicas, feitas com diodos emissores de luz (LED) ou laser de baixa potência. São tratamentos que utilizam a irradiação de luz com finalidades curativas, alcançando efeitos clínicos importantes, como redução de dores e processos inflamatórios, combate à ação de microrganismos infecciosos e destruição de células tumorais.
Para a infecção por HPV, a terapia fotodinâmica (PDT) é considerada para tratamento das lesões precursoras de câncer. A PDT requer a aplicação de um agente químico fotossensibilizante no local afetado. O acúmulo do fármaco fotossensibilizador e a aplicação de luz, com comprimento de onda específico, nas células-alvo geram espécies reativas de oxigênio citotóxicas que levam à morte fotoinduzida do tecido doente.
A PDT tem se destacado como importante alternativa terapêutica nos casos de lesões precursoras de câncer no trato genital inferior, bem como no tratamento de várias outras doenças ginecológicas. A PDT representa uma alternativa não invasiva e sem risco de prejuízos funcionais.
Apesar dos avanços nos tratamentos médicos, a prevenção ainda é a melhor conduta. Sendo assim, o acompanhamento ginecológico regular é importante para identificar alterações precocemente, incluindo as lesões precursoras de câncer no trato genital inferior.