O linfangioma cutâneo de vulva é uma doença rara, caracterizada pela proliferação de vasos linfáticos na camada subcutânea e na derme profunda. Embora possa ter apresentações clínicas preocupantes, é uma condição benigna.
De modo geral, o linfangioma cutâneo é uma doença pouco frequente em qualquer parte do corpo, mas a manifestação vulvar é ainda mais rara. Em síntese, trata-se de uma obstrução nos pequenos canais ou vasos que fazem a drenagem da linfa (o plasma do sangue). Com isso, formam-se vesículas que começam a se acumular, podendo, inclusive, ser confundidas com condiloma acuminado (verruga genital decorrente de infecção por HPV).
A doença é classificada em superficial, profunda, congênita e adquirida. Essas definições têm relação com o tamanho e a localização dos vasos sanguíneos e com a extensão das deformidades.
O linfangioma cutâneo de vulva pode limitar a qualidade de vida da mulher, causando dor e desconforto local, linforreia (vazamento de fluido linfático), entre outros problemas que interferem na vida social e na função sexual.
Quais são as causas de linfangioma cutâneo de vulva?
Essa doença é incomum e de etiologia desconhecida (idiopática). Tem sido relatada após intervenções que podem causar danos nos vasos linfáticos na região vulvar, como cirurgia ou radioterapia pélvica para tratar o câncer de colo do útero. Outros fatores associados são obesidade, linfedema crônico e tuberculose genital.
O linfangioma cutâneo de vulva parece estar relacionado ao rompimento superficial dos canais linfáticos, o que interfere na capacidade de drenagem da linfa nas camadas profundas da pele.
O sistema linfático é responsável por coletar o excesso de fluídos nos tecidos e transportá-los de volta para o sistema venoso. Disfunções linfáticas resultam em acúmulo de fluídos dentro dos vasos, retenção de líquido, edema (inchaço), comprometimento funcional da área afetada e maior suscetibilidade para infecções.
Quais são os sintomas de linfangioma cutâneo de vulva?
Os linfangiomas, de modo geral, apresentam-se como tumores ou cistos preenchidos por linfa. Podem ser pequenos, grandes, mistos, rentes à pele (sésseis), sustentados por uma haste (pediculados), superficiais ou profundos. Podem surgir no pescoço, no tronco e em várias outras partes do corpo, provocando fluxo lento, acúmulo da linfa e edema.
Em raras ocasiões, o problema se desenvolve na vulva. O linfangioma vulvar cursa de forma assintomática, em muitos casos, mas também há mulheres que relatam sintomas incômodos e impactos funcionais e psicológicos relacionados à vida sexual.
Entre as possíveis manifestações do linfangioma cutâneo de vulva, estão:
- dor;
- sensação de queimação;
- prurido (coceira);
- edema volumoso, que pode ficar drenando um líquido claro;
- escoriações e ulcerações;
- pápulas e vesículas acumuladas;
- infecções recorrentes.
Como diagnosticar o linfangioma cutâneo de vulva?
A suspeita clínica do linfangioma cutâneo de vulva é baseada na avaliação do histórico e da sintomatologia da paciente, bem como nos aspectos das lesões, observadas durante o exame físico ginecológico.
Exames de imagem também podem ser úteis para avaliar as características morfológicas da doença, incluindo a extensão e a profundidade das formações císticas. Entre as técnicas disponíveis, estão: ultrassonografia pélvica, ressonância magnética da pelve, angiorressonância pélvica e angiotomografia.
A realização de biópsia para análise histopatológica é importante para a diferenciação dos tumores e a conclusão diagnóstica do linfangioma cutâneo de vulva.
A evolução dessa doença quase sempre é lenta e não há regressão espontânea, de forma que a intervenção terapêutica é de suma importância para corrigir as deformidades, restaurando a anatomia vulvar e a qualidade de vida da mulher.
Como tratar o linfangioma cutâneo de vulva?
O tratamento do linfangioma vulvar depende do tipo e da extensão das lesões. As abordagens terapêuticas incluem: cirurgia, criocauterização, eletroterapia, laserterapia, entre outras.
A vulvectomia (cirurgia excisional) é o tratamento padrão, podendo envolver a remoção parcial ou total da vulva com preservação da integridade da uretra e da vagina. Os pontos adversos da intervenção cirúrgica são: risco de recorrência do linfangioma, quando há ressecção incompleta; efeitos colaterais indesejáveis, como dor crônica, alterações anatômicas, formação de cicatrizes e queloides e redução da resposta sexual.
Diante dessas implicações, a laserterapia conservadora tem sido estudada como uma importante alternativa terapêutica, apresentando eficácia no tratamento do linfangioma cutâneo de vulva, menos efeitos adversos e restauração da anatomia vulvar.
A técnica aplicada nesses casos é a terapia fotodinâmica, que faz parte das terapias fotônicas, cujo objetivo é estimular respostas biológicas curativas a partir da emissão de luz. Para tanto, utiliza-se laser de baixa potência, com comprimento de onda que permanece na janela terapêutica da luz visível (vermelha e próxima da infravermelha).
A terapia fotodinâmica (PDT) requer, além da irradiação de luz, um agente químico fotossensibilizador, que é ativado pelo laser na presença de oxigênio molecular, provocando a morte fotoinduzida das células tumorais.
A terapia fotodinâmica já é aplicada em várias áreas da saúde, sendo reconhecida por seus efeitos antitumorais, antibacterianos, antivirais, antifúngicos, anti-inflamatórios e analgésicos. Também age na redução do edema, na formação de novos vasos sanguíneos, na renovação tecidual, entre outros benefícios.
No tratamento do linfangioma cutâneo de vulva, a terapia fotodinâmica pode regenerar e recanalizar os vasos linfáticos profundos, mantendo a vulva funcional e sem deformidades. Portanto, uma possibilidade inovadora, não invasiva e efetiva para essa e outras alterações ginecológicas.