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Líquen simples crônico

Por: Dra. Renata Belotto

Os sintomas de doenças vulvares, como prurido (coceira) e dor, são comuns e podem impactar negativamente a qualidade de vida das mulheres, repercutindo, inclusive, em seu bem-estar psicológico e na função sexual. Entre as pacientes que convivem com tais alterações na vulva, encontramos diversos diagnósticos, um deles é o líquen simples crônico (LSC).

Essa condição se apresenta como uma inflamação cutânea e espessamento da pele, não raro, associado a fissuras e escoriações devido ao ato excessivo de coçar. A permanência do sintoma principal se dá em um ciclo vicioso (prurido-coçar-prurido), ou seja, quanto mais a mulher coça, mais favorece a manutenção da doença.

Além da região genital — nesse caso, líquen simples crônico vulvar —, outras partes do corpo podem ser atingidas, como pescoço, tronco superior, braços e pernas.

Outras doenças com algumas manifestações semelhantes, as quais têm o prurido vulvar como principal sintoma, são o líquen escleroso e o líquen plano. Todas essas condições precisam ser corretamente diagnosticadas e efetivamente tratadas para o restabelecimento da qualidade de vida da mulher.

Quais são as causas do líquen simples crônico?

O LSC pode ser:

O LSC também pode estar relacionado a distúrbios neurológicos-psiquiátricos, como transtornos de ansiedade e depressão em graus leves ou moderados.

A fisiopatologia dessa condição não está bem esclarecida, mas acredita-se que tenha relação com modificações nos mecanismos do sistema nervoso quanto à percepção e ao processamento da sensação de prurido.

Quais são os sinais e sintomas de líquen simples crônico?

A coceira é o principal sintoma do LSC vulvar, que pode ter períodos de melhora e piora, mas, geralmente, surge em crises constantes. A perda tecidual, em alguns casos, também pode desencadear os sintomas de ardência e dor na vulva.

Outras possíveis alterações na pele, em resposta à fricção crônica, são secura, descamação e aspecto de pele crostosa e áspera. As lesões são bem delimitadas, com aparência escura ou avermelhada.

As escoriações decorrentes do prurido excessivo podem prejudicar a micção e as relações sexuais. Além disso, as lesões vulvares deixam a mulher mais suscetível à ação de microrganismos, podendo surgir processos infecciosos secundários.

Como é feito o diagnóstico de líquen simples crônico?

O primeiro passo para o diagnóstico de qualquer condição é a investigação dos sintomas. Como o prurido vulvar é uma queixa habitual de várias doenças ginecológicas, a sintomatologia não é suficiente para a conclusão diagnóstica.

O exame físico ginecológico também é essencial, pois permite a identificação de alterações na pele da vulva, como o espessamento, a vermelhidão e a descamação, que são apresentações típicas do LSC.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com as condições de apresentações similares, como líquen escleroso, candidíase, psoríase vulvar e líquen plano. Por vezes, é necessário realizar uma biópsia para diferenciar o LSC das demais doenças.

Como tratar o líquen simples crônico?

A princípio, é necessário estabelecer a origem exata do prurido para fazer o tratamento das condições de base, o objetivo da intervenção médica é inibir o ciclo de manutenção do sintoma.

Pode-se iniciar o tratamento com a aplicação de corticoides de média ou alta potência, dependendo das respostas terapêuticas de cada paciente. O uso de anti-histamínicos também é interessante, visto que auxilia na redução da coceira, assim como proporciona leve sedação, diminuindo o incômodo do prurido noturno.

É essencial que a paciente pare de causar traumas na pele da vulva com o ato contínuo de coçar, permitindo que os medicamentos façam o efeito esperado. Pessoas mais ansiosas, portanto, podem precisar de medicação ansiolítica para facilitar o tratamento. Além disso, nos casos associados a infecções, o uso de antibióticos é prescrito.

O tratamento medicamentoso é o método convencional de tratar o LSC, mas existe a alternativa de reduzir o prurido e a dor vulvar com as terapias fotônicas — terapia fotobiomoduladora (PBM) e terapia fotodinâmica (PDT) —, que já são aplicadas em várias áreas da saúde para tratar inúmeras condições.

Terapias fotônicas consistem no uso da luz com propriedades curativas. A irradiação da luz em comprimento de onda específico pode ativar respostas analgésicas, anti-inflamatórias, cicatrizantes, antifúngicas, antibacterianas, entre outras.

As terapias fotônicas já têm importante espaço na área de ginecologia. Tanto a PBM quanto a PDT são métodos efetivos de tratamento para doenças que afetam o bem-estar da mulher, como LSC, líquen escleroso, HPV, candidíase, entre várias outras.

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