Dra Renata Belotto | WhatsApp
Líquen é o nome dado a dermatoses inflamatórias crônicas que surgem em diferentes partes do corpo, inclusive na região genital. Há vários tipos de líquen, que podem ser avaliados e tratados por especialistas em dermatologia ou ginecologia, dependendo do local que afetam.
Na clínica ginecológica, os diagnósticos possíveis incluem: o líquen plano (LP), o líquen simples crônico (LSC) e o líquen escleroso vulvar (LEV). Eles podem ter sintomas semelhantes, sobretudo o prurido (coceira na vulva), mas também têm características específicas. Por isso, é importante contar com profissionais experientes para diferenciar as doenças e diagnosticá-las da forma correta.
Neste texto, vamos mostrar as diferenças entre o líquen plano e o líquen simples crônico. Leia e descubra!
O que é líquen plano?
O líquen plano é uma dermatose crônica inflamatória de provável origem autoimune mucocutânea que pode afetar locais como boca, vagina, couro cabeludo, pele, unhas, conjuntiva e ducto lacrimal, esôfago (raro), região perianal e ânus.
O LP é uma condição rara. Suspeita-se, também, que há aspectos genéticos envolvidos. O uso de alguns fármacos específicos é outro fator que parece aumentar o risco para o desenvolvimento do líquen plano.
Há casos assintomáticos de LP, mas a doença pode causar sintomas semelhantes aos de outros tipos de líquen ou de outras patologias ginecológicas, tais como: coceira e dor na vulva, dificuldades para urinar e dor na relação sexual.
As lesões genitais podem ser descamativas e erosivas, surgindo nos pequenos e grandes lábios da vulva, bem como no clitóris e no introito da vagina. Corrimento amarelado e sangramento podem aparecer em alguns casos. Quando há lesões orais, a gengiva também pode sangrar.
Em pacientes com a doença avançada, cicatrizes podem se formar e unir os dois lados da vulva, ocasionando situações preocupantes, como a fimose clitoridiana e a estenose vaginal, que prejudicam a função sexual e as atividades urinárias.
O que é líquen simples crônico?
O líquen simples crônico é outra inflamação cutânea que pode afetar a vulva, entre outras partes do corpo, como pescoço, braços e pernas. É uma condição caracterizada pelo espessamento da pele, devido ao ato repetitivo de coçar. Também podem surgir escoriações e fissuras.
O sintoma principal é a coceira, que faz a doença ser mantida pelo ciclo vicioso “prurido-coçar-prurido”. No caso da doença na região genital, a perda de tecido saudável também pode acarretar sintomas como dor vulvar, ardência e dor na relação sexual.
O líquen simples crônico tem causas primárias (dermatite atópica, psoríase, líquen escleroso vulvar e candidíase de repetição) ou secundárias, como os transtornos neurológicos e psiquiátricos (estresse, ansiedade, personalidade obsessiva-compulsiva etc.).
Quais são as diferenças entre os dois tipos de líquen?
O líquen plano e o líquen simples crônico têm algumas manifestações semelhantes, mas também têm características distintas. Veja!
- o líquen plano pode afetar a pele e as mucosas, o líquen simples crônico afeta somente a pele;
- as lesões do LP são planas e descamativas, mas também podem ser erosivas na região genital, enquanto o LSC apresenta lesões elevadas e deixam a pele espessa, com aspecto crostoso;
- o LP pode causar prurido e outros sintomas (dor, ardência, sangramento, corrimento), o LSC tem a coceira como sintoma principal, que é mantida em um ciclo vicioso;
- o LP tem provável origem autoimune, o LSC pode ter causas primárias e secundárias;
- o líquen plano tem apresentações periódicas, surge em remissões e recidivas; já o líquen simples crônico provoca crises constantes, sendo desencadeante e agravante do prurido e das lesões.
É preciso distinguir os dois tipos de líquen, bem como o líquen escleroso vulvar, pois essas condições podem ser confundidas. O diagnóstico correto é o ponto de partida para um tratamento eficiente.
Como diagnosticar e tratar essas doenças?
O diagnóstico de ambas as doenças é clínico. A investigação dos sintomas e a inspeção física são formas de identificar especificidades nas manifestações e nas características das lesões. A realização de biópsia e análise histopatológica é importante para confirmar a patologia e estabelecer o diagnóstico diferencial para outras dermatoses e afecções ginecológicas.
O tratamento convencional do líquen plano e do líquen simples crônico envolve o uso tópico de corticoides de alta potência. Pessoas com LSC também podem receber indicação para a terapia com anti-histamínicos e ansiolíticos. Já as opções de tratamento cirúrgico são reservadas às mulheres que desenvolvem estenose vaginal e fusão dos dois lados da vulva.
As terapias fotônicas — terapia fotodinâmica (PDT) e terapia fotobiomoduladora (PBM) — são alternativas não invasivas e de eficácia comprovada para o tratamento do líquen plano e do líquen simples crônico. São abordagens que envolvem a irradiação de luz LED ou laser de baixa potência para induzir respostas terapêuticas, como a redução de dor e inflamação e a cicatrização de lesões.
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