O líquen escleroso vulvar (LEV) não é uma condição muito conhecida pelas pessoas, de modo geral. Se formos falar de uma doença ginecológica de alta incidência, como a candidíase, por exemplo, a maioria das mulheres já sabe do que se trata ou mesmo já teve esse diagnóstico. Já em relação ao LEV, muitas pacientes que chegam à clínica de ginecologia, nem mesmo ouviram esse termo.
Apesar do desconhecimento acerca da patologia, as mulheres precisam ficar atentas a qualquer alteração na região íntima, principalmente a coceira persistente (prurido vulvar), que é o sintoma mais característico do líquen, além do aspecto esbranquiçado da pele vulvar.
Buscar avaliação médica e tratamento para o líquen escleroso vulvar é algo que deve ser feito o quanto antes, logo que for diagnosticado, pois essa doença pode afetar de forma significativa a qualidade de vida das mulheres acometidas.
Entenda, com a leitura deste post, o que é líquen escleroso e como pode ser tratado!
O que é líquen escleroso?
É uma doença que pode afetar severamente a pele da vulva, evoluindo para situações bem graves, se não for corretamente tratada.
Há diferentes tipos de líquen, cada um com sua definição específica, são eles:
- líquen escleroso;
- líquen plano;
- líquen simples crônico.
Essas três doenças podem ter alguns sintomas similares, como a coceira, mas cada qual têm suas próprias apresentações clínicas. Portanto, precisamos abordar as três, separadamente, para deixar a explicação mais clara e informativa.
Conheça cada tipo:
Líquen escleroso
Líquen escleroso é um tipo de dermatose crônica, de provável causa autoimune, que afeta a região anogenital da mulher. Seu sintoma principal é o prurido vulvar, mas podem surgir outras manifestações associadas à coceira intensa, tais como:
- dor e irritação na vulva;
- dificuldades para urinar e evacuar;
- atrofia;
- dor na relação sexual ou até impossibilidade de ter contato íntimo;
- fissuras devido à coceira excessiva;
- placas brancas na região da vulva, períneo e área perianal.
É uma doença benigna, mas que pode, em 5% dos casos, evoluir para o câncer de vulva. Outras complicações presentes são a estenose vaginal (estreitamento do canal) e o fechamento do introito vaginal, que impedem as atividades sexuais. Além disso, quando os orifícios são ocluídos, há também o prejuízo às funções básicas de micção e evacuação.
Por se tratar de um distúrbio autoimune, pacientes com LEV também podem apresentar outras doenças, igualmente autoimunes, como vitiligo, hipotireoidismo, alopecia areata ou anemia perniciosa.
Entretanto, esses quadros mais graves acontecem somente se a mulher não receber o tratamento adequado após muitos anos da doença — algumas pacientes convivem com os sintomas por até mais de 10 anos.
Líquen plano
Líquen plano também é uma condição crônica e inflamatória causada por fatores autoimunes. Diferentemente do líquen escleroso vulvar, essa doença não afeta somente a região íntima, pode ainda ter manifestações clínicas na mucosa oral e na pele do tronco e em outras partes do corpo, como unhas, couro cabeludo e ducto lacrimal.
É considerada uma doença rara. Entre as mulheres, é mais comum em idade avançada, na fase da perimenopausa e pós-menopausa, afetando tanto a pele da vulva quanto a mucosa vaginal — enquanto o LEV acomete, preferencialmente, a pele vulvar.
As lesões do líquen plano são descamativas e erosivas, podendo resultar em ulcerações. Outros sintomas são dor, ardência e prurido vulvar, dificuldades urinárias, dor e sangramento às relações sexuais e presença de corrimento amarelado.
Como há acometimento da mucosa oral, também podem surgir sintomas de lesões orais, como sangramento gengival.
Nos casos mais graves, assim como no LEV, pode ocorrer o fechamento do introito vaginal ou estenose genital.
Líquen simples crônico
Esse tipo de líquen é caracterizado por uma inflamação cutânea que ocasiona o espessamento da pele. Fissuras e escoriações também se apresentam em resposta ao ato repetitivo de coçar. O sintoma principal, o prurido, é mantido em um ciclo vicioso, que envolve: coceira, ato de coçar e mais coceira.
Além da região vulvar, essa doença pode atingir os membros (braços e pernas), a parte superior do tronco e o pescoço, que são locais que a pessoa alcança facilmente para manter o ciclo vicioso do líquen simples crônico.
As causas dessa doença podem ser primárias (dermatite atópica) ou secundárias a infecções e outras patologias vulvares, como candidíase de repetição, líquen escleroso vulvar e psoríase.
O líquen simples crônico também está associado a distúrbios neurológicos e psiquiátricos, que aumentam o comportamento de coçar excessivamente, tais como ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), depressão e transtornos de personalidade.
O prurido é acompanhado por outros sintomas, que incluem: ardência e dor na vulva; secura, aspereza e descamação na pele; pele com aspecto crostoso.
Assim como nos outros tipos de líquen, o excesso de coceira pode causar escoriações, levando a prejuízos nas funções urinárias e na vida sexual. Outro risco é o de desenvolver infecções genitais, visto que as lesões na vulva aumentam a suscetibilidade para a contaminação por fungos, vírus e bactérias.
Como tratar o líquen escleroso vulvar?
Na avaliação diagnóstica, é preciso contar com o conhecimento e a experiência do ginecologista para diferenciar os tipos de líquen, além de descartar outras doenças com apresentações semelhantes, como candidíase e vitiligo.
Tanto o líquen escleroso quanto o plano e o simples crônico podem ser tratados com as terapias fotônicas — terapia fotodinâmica (PDT) e terapia fotobiomoduladora (PBM) —, as quais envolvem o uso de laser de baixa potência ou LED para desencadear respostas curativas.
o líquen escleroso vulvar é tratado, essencialmente, com corticosteroides tópicos de alta potência. Esse tipo de fármaco tem resultados efetivos, porém tem efeitos colaterais, entre eles a diminuição do trofismo genital ou atrofia.
As terapias fotônicas, por sua vez, são eficazes para tratar essas e outras doenças de forma não invasiva e sem efeitos colaterais — pelo contrário, nota-se uma melhora no trofismo (nutrição e espessura do tecido) da pele vulvar.
Portanto, as mulheres que sofrem com o líquen escleroso vulvar precisam buscar avaliação médica, conhecer melhor essas possibilidades de tratamento e interromper o principal sintoma, ou seja, o prurido, para evitar as complicações da doença e recuperar qualidade de vida.
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